1. |
eu não estou aqui
02:46
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eu não estou aqui
piano, voz, melódica, violoncelo, guitarra, flauta casio
eu não estou aqui
a cantar para vocês
eu estive ali a fixar sons
e fixar sons foi trabalhar
e o trabalhar foi fixar sons
e fixar sons foi combater
e combater foi o fazer
e o fazer teve cantar
e o cantar tinha vocês
e vocês é não sei quem
eu sei que tu não vais gostar
mas eu não estou aqui a sentir muito e a cantar
eu estive ali a desenhar
a recortar e a colar
o que tinha desenhado
e vinham cores a discutir o que fazer
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2. |
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os erros são contrários às mentiras
3 vozes, piano
serás aberto por dedos revoltados
calejados por minúsculas razões
é um coro de três homens mãos nos bolsos
uma força companheiro mão no vinho
eles têm as conversas que não cabem murmuradas
mais um copo
ainda tenho tempo para o sono
ainda sonho com o tempo verdadeiro
a mão sai do bolso o pé quieto
serás lido só pelos equívocos
aí é que as cerejas serão tuas
os erros são contrários às mentiras
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3. |
lágrimas de crocodilo
01:45
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lágrimas de crocodilo
voz, guitarra eléctrica (E, G, F#, E)
na verdade quando o poeta descansa se vê que são
lágrimas de crocodilo
batatinhas e doces pra consolar
não compares portanto uma dor à outra
ou não entenderás
o movimento da bomba que bombeia
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4. |
eu de cupido
02:47
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eu de cupido
(vozes)
inteiro e incompleto
amor à minha frente
adiantado
o texto feito em aberto
a palpitante urgência
que encobre o razoável
e não larga
não me deixa
não me esquece
o olhar em alvo
para te ouvir dizer
amor ali adiante
em tempo errado
e eu de cupido em mosquito picado
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5. |
poem
02:16
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poem
(poema de John Cornford, antologia de poesia inglesa)
guitarra, voz
Heart of the heartless world
Dear heart the thought of you
Is the pain at my side
The shadow that chills my view
A wind raises in the evening
Reminds me that Automn is near
And I am afraid to lose you
And I am afraid of my fear
On the last mile to Huesca
The last fence for our pride
Think so kindly dear
That I sense you at my side
And if bad luck should lay my strength
Into the shallow grave
Remeber all the good you can
And don't forget my love
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6. |
entre ti e mim
01:04
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entre mim e ti
guitarra, voz
entre a areia e o mar
entre as pedras e o pão duro
entre a folhagem e a estrada
entre a paragem e o autocarro
entre ti e mim
entre mim e ti
para já apenas tu
mas depois serás alguém
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7. |
the monster
01:40
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the monster
vozes, casio
the monster
the monster comes and goes
the monster plays the play
the monster kills the prey
the monster comes and goes
the monster plays the game
the monster comes and goes
the monster plays the play
the monster kills the prey
the monster
the monster
the monster
the monster
the monster, the monster
the monster plays the game
the monster comes and goes
the monster plays the play
the monster kills the prey
the monster comes and goes
the monster has no fear
the monster's you my dear
the monster plays the play
the monster
the monster
the monster
the monster
the monster
the monster
the monster
the monster
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8. |
dois no um que se partiu
02:54
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dois no um que se partiu
voz, guitarra, melódica
Am/E7
G/F/C/G
1.
dois num um que se partiu
que aliás nunca existiu
e deixar correr um pouco mais
o que é que faz
pergunta que a resposta insatisfaz
ambos deslocados um partido
e tudo agora divide a paridade
salto para um três
do velho o novo
não morrer não é ainda
viver dois
2.
o todo em parte é todo tenso
como vida e arte
os dois que pensam no poema contradito
preferir a carne a ser só esp'rito
dúplice cantar a duas vozes
tal como a voz tem as suas duas cordas
assim o céu tem uma terra que o carrega
por isso é que o mundo é (está) partido
escolhem-se os lados
e há mais do que dois
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9. |
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serei apenas pedra
piano e voz e som de mota
dentro em pouco serei apenas pedra
pedra revisitada pelos meninos e as aranhas
pedra reaberta pelos cantos
pedra resistente em fragmentos
pedra perdida cantada por bocas futuras
documento da pergunta certa
trabalho da palavra dois
procura ainda longe do tempo
materiais do mundo existindo
coisas do outro mundo
toscas páginas do sonho
flores sobre a vida difícil
erros de cálculo com verdades no núcleo
libertação discreta e contínua de si mesmo apartada
hipótese feliz e zilef
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10. |
se não me engano
03:34
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se não me engano
guitarra, melódica, berimbau e clavas
se não posso ser daquilo
nem daqueloutro - evidente
então peso a burguesia
e fico todo contente
vou alterando o contrário
sem ser dos que se transcendem
digo palavras bonitas
às pessoas que se vendem
depois saio e estou no tempo
que é o mais importante
pelo menos nesta casa
em que abanaria a asa
se não posso virar tudo
- seria mal educado
então posso virar mosco
e ouvir-te no profano
se não me engano
estou enganado
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11. |
riscos da linguagem
02:46
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riscos da linguagem
voz, casio bass, percussões
tão depressa que se escreve
nessa linda maquineta
já com riscos muito usada
para te rires da linguagem
tão devagar que se lê
nessa feia coisa humana
nunca suja e intocada
para chorares do silêncio
tudo tão a meio gás
nessa massa indefinível
nem bem vista nem cegada
para fazer equilíbrio
tão depressa que se escreve
tão devagar que se lê
tudo tão a meio gás
nessa linda maquineta
nessa feia coisa humana
nessa massa indefinível
já com riscos muito usada
nunca suja e intocada
nem bem vista nem cegada
para te rires da linguagem
para chorares do silêncio
para fazer equilíbrio
tão depressa que se escreve
tão devagar que se lê
tudo tão a meio gás
nessa linda maquineta
nessa feia coisa humana
nessa massa indefinível
já com riscos muito usada
nunca suja e intocada
nem bem vista nem cegada
para te rires da linguagem
para chorares do silêncio
para fazer equilíbrio
já com riscos da linguagem
nunca suja do silêncio
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12. |
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depois do jantar de negócios
casio, som casio quintas, voz
versos de José Gomes Ferreira soltos
"Pois não sabes que já milhões como tu e como eu
Pediram em vão às aves que procurassem nas nuvens
Aquela porta de que nem a morte tem as chaves?
E quem a abriu? Quem sabe que porta é?
Rapaz! Mais um café!"
"Só nós, os que não acreditamos no céu
tivemos coragem de gritar a esta carcaça a fingir de vida: Não!"
"Vai-te, poesia!
Deixa-me ver friamente a realidade nua
Sem ninfas de iludir
Ou violinos de lua"
"A poesia tem pés de terra"
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13. |
no one's perfect
01:18
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no one's perfect
piano, voz
no one's perfect
on the contrary, the imperfections have been growing ever since
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14. |
o lenço e o anel (jogos)
01:53
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o lenço e o anel
guitarras, piano, percussões
deixa-me então o lenço
corre à volta, passa o anel
segura-o nas pontas
fura as redes
põe as peças
prepara o tabuleiro
desenha para eu continuar
para eu adivinhar
escondo-me eu
e depois tu
não há cronómetro para te encontrar
o jogo esticou-se
rebenta a bolha!
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15. |
grande e pequena
02:06
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grande e pequena
piano, vozes, percussões
agora não medes a folha
grande e pequeno
pequeno e grande
ainda maior
agora não medes a folha e a tela
e o problema é métrico
grande beleza da boca pequena
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16. |
sobre a liberdade
03:11
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sobre a liberdade
melódica, guitarra, percussões, violoncelo
a liberdade pressupõe o uso
opção
por aqui
e agora somos mais livres
livre de conhecer as barreiras
livre de alargar as fronteiras
livre de usar os materiais
livre
I, said the fly
with my little eye
I, said the sparrow
with my bow and arrow
I, said the bull
because I can pull
I, said the owl
with my little trowel
I, said the rook
with my little book
I, said the dove
because of my love
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17. |
olhar assim
02:26
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olhar assim
piano, voz
Dm/G Dm/G Dm/G
F/E G/A G/A F/E....
E7
lamento imenso olhar assim
parece que não vejo nada
vejo tudo a 3 dimensões
era melhor cinema e aí seriam projectadas
três em duas e das duas uma
ou fazemos uma revolução contínua
ou morremos devagar
e eu não quero morrer devagar
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18. |
e do outro lado
01:14
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e do outro lado não sofro
vozes, piano
e do outro lado não sofro
deve magoar magoa sim
mas doem muito mais
os gestos que são mentiras
e do outro lado não sofro
absurda loucura estupidez
desperdício de felicidade prevista
que se arrumava por si
e do outro lado não sofro
embora seja ali que eu viva
se queres que resuma
loucura é não cometer nenhuma
(é do outro lado que eu sofro)
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19. |
eu fico aqui à espera
01:18
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|||
eu fico aqui à espera
(improviso a várias vozes)
Então, é o fim, acabou?
Já acabou ou é intervalo?
Mas acaba assim?
Como é que acaba assim?
Não pode acabar assim...
(etc...)
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20. |
o sonho dentro do sonho
03:28
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o sonho dentro do sonho
piano, voz
o sonho dentro do sonho
e no sonho acordava
sabendo que estava
no sonho de dentro
só depois acordo mesmo
tomo banho
visto as calças
lavo a loiça
levo o lixo
um café
um café para acordar mesmo
para acordar realmente
e os cravos foram no lixo
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pedro e pedro Lisbon, Portugal
Pedro&Pedro começou com o projecto «365 - uma canção por dia», realizado entre julho de 2015 e junho de 2016. O Pedro Rodrigues já fazia música antes e continuou a criar canções e outras coisas sonoras consigo próprio desde então. Aqui se encontra de tudo isso. ... more
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